segunda-feira, 21 de março de 2011

Meu Anjo


Meu anjo tem o encanto, a maravilha

Da espontânea canção dos passarinhos;

Tem os seios tão alvos, tão macios

Como o pêlo sedoso dos arminhos.

Triste de noite na janela a vejo

E de seus lábios o gemido escuto

É leve a criatura vaporosa

Como a frouxa fumaça de um charuto.

Parece até que sobre a fronte angélica

Um anjo lhe depôs coroa e nimbo...

Formosa a vejo assim entre meus sonhos

Mais bela no vapor do meu cachimbo.

Como o vinho espanhol, um beijo dela

Entorna ao sangue a luz do paraíso.

Dá morte num desdém, num beijo vida,

E celestes desmaios num sorriso!

Mas quis a minha sina que seu peito

Não batesse por mim nem um minuto,

E que ela fosse leviana e bela

Como a leve fumaça de um charuto!

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