Temos nossos momentos gaveta.

Tudo bagunçado por dentro e a

gente com preguiça de arrumar.

O espelho tem desfocado minha imagem, vejo uma pluma branca pairando no ar sem conseguir alcançar o chão. Em dias de chuva sou cheiro de terra molhada, barro moldado por mãos infantis, como se tivesse recuperado a inocência perdida e reinventado travessuras. Talvez tenha alcançado um grau de leveza que transcende o físico - acho que virei matéria microscópica, impossível de se ver a olhos nus, devo estar perdida na via láctea, ou quem sabe apenas me descuidei da gravidade. O sol escaldante não consegue queimar minha pele, estou vestida de vento e minha alma assovia descalça.

É preciso voltar...E a gente sempre volta.

Volta das férias, volta das batalhas, volta

no tempo ao sentir um perfume, volta a

ser criança com as crianças, volta a ser

recional quando a loucura pensa que é

dona da casa...A gente volta, porque 

voltar não é retorceder, é se reencontrar 

nas partidas para se descobrir em novos caminhos.

Coisa boa é dividir felicidade 

com gente cheia de bem querer...

tudo vira festa.

Sei acompanhar a correria dos dias,

mas hoje, o barulho tá pedindo silêncio.

Quero ficar quieta, serena, ouvir o que 

a chuva tem pra contar!

Aprendi que a humildade mora em corações alados

que não carregam o peso do orgulho. Que respeito

é par constante da admiração. E que só a generosidade

é capaz de descongelar sentimentos frios.

Cansei de brigar com meus pés que insistem 

em não permanecerem no chão. Acho que 

virei pipa, bola de sabão, nuvem de algodão.

A gente planeja tanto, ai vem o inesperado

fazendo festa, rindo dos nossos projetos

megalomaníacos, nos ensina que muita coisa

depende de nós, mas que a vida é muito

mais que um bloco de notas. 

Aprendi a semear flores por onde passo,

para não perder o caminho de volta, 

para identificar a chegada de casa.

Acordei ensolarada! Não sei se o sol me iluminava

ou se de mim saia a luz que se espalhava.

Ela é feita de sereno, coisa fresca, dia novo.

Cansou de ser fria madrugada. 

Se descobriu vestida de amanhecer.

Tudo se perde à minha volta

quando sou abraçada

por seus olhos.

Que o azedume de certos

dias não tenha o poder de

contaminar nossa doçura.

O amor era pra caber dentro da gente,

mas não abe, é sorriso que transborda

e abraço que vira casa.

Coração era muro que o sorriso derrubava sem fazer barulho.

Sonhos são pipas, parecem distantes,

mas somos nós que dominamos a linha.

Sonhos são pipas,

parecem distantes,

mas somos nós

que dominamos a linha.

Nessa primavera quero me vestir de flores
me espalhar no vento, seduzir o sol.

Alma leve tem formato de borboleta.

Somos feitos de sonhos,
a realidade é só um susto.