O espelho tem
desfocado minha imagem, vejo uma pluma branca pairando no ar sem conseguir
alcançar o chão. Em dias de chuva sou cheiro de terra molhada, barro moldado
por mãos infantis, como se tivesse recuperado a inocência perdida e reinventado
travessuras. Talvez tenha alcançado um grau de leveza que transcende o físico -
acho que virei matéria microscópica, impossível de se ver a olhos nus, devo
estar perdida na via láctea, ou quem sabe apenas me descuidei da gravidade. O
sol escaldante não consegue queimar minha pele, estou vestida de vento e minha
alma assovia descalça.
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